52º Festival de Cinema de Brasília exibe 75 filmes
6 de novembro de 2019 às 15:48h
Mulheres continuam sendo maioria entre diretores, ingressos serão vendidos apenas online, mas sessões descentralizadas estão indefinidas. Confira programação.
A 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vai exibir, entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro, 75 filmes – entre curtas e longas-metragens – no Cine Brasília e no Museu Nacional da República. Os ingressos para todas as sessões serão vendidos online.
O GDF afirma que “com certeza” haverá ainda exibição em regiões administrativas, mas as localidades não haviam sido definidas até a publicação desta reportagem (entenda abaixo). No ano passado, o festival esteve em nove RA’s.
Mostra Competitiva
Neste ano, o evento contabilizou 701 inscrições habilitadas para a Mostra Competitiva – em 2018 foram 632. Dos 512 curtas-metragens e 189 longas avaliados, 14 curtas e 7 longas foram escolhidos para disputar o Troféu Candango (veja lista ao final).
O prêmio total para os vencedores é de R$ 270 mil, distribuídos em 14 categorias. Os longas representam os estados do Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, além do DF. E os curtas são de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pará, Ceará, Paraíba, Bahia e, também, do DF.
O curador Marcus Ligocki disse, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6), que a seleção dos filmes para a Mostra Competitiva optou por focar nos realizadores, “para onde estão olhando e como estão narrando suas histórias”
“A ideia foi resgatar a proposta original do festival, de amplificar a realização brasileira e trazer essas obras para o convívio do povo.”
Mostra Brasília
Na Mostra Brasília BRB, dedicada exclusivamente aos filmes do Distrito Federal, foram escolhidos 8 curtas e 4 longas. Eles vão disputar R$ 150 mil em prêmios, divididos em 13 categorias. As exibições ocorrem entre 25 e 29 de novembro (veja lista ao final).
Nesta edição, as mulheres continuam a ser maioria entre os diretores dos filmes selecionados. Elas estão à frente de 11 das 21 produções da Mostra Competitiva e, na Mostra Brasília, assinam 8 dos 12 filmes – um deles, em parceria com um diretor.
Mostras paralelas
Para o circuito paralelo (não competitivo), pelo menos 35 produções de todo o país foram distribuídas em cinco mostras:
- Território Brasil (inédita): vai exibir 18 longas-metragens de estados diferentes
- Vozes: vai exibir quatro histórias com temáticas que costumam não ter espaço no circuito tradicional
- Novos Realizadores: vai exibir quatro filmes de cineastas em princípio de carreira
- Guerrilha: vai exibir três filmes independentes, feitos “em guerrilha”, especialmente com limitação de orçamento – são obras que, também, costumam não ter espaço nas mostras convencionais
- Festivalzinho: vai exibir sete filmes dedicados exclusivamente ao público infantil
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Adão Cândido, reforçou que os esforços da organização foram unidos para “fazer um festival que dê uma passada por tudo o que está sendo produzido no Brasil, em cada unidade federativa”.
Marcus Ligocki afirmou, ainda, que a seleção do festival é “representativa do crescimento do cinema nos últimos 20 anos”. “Fizemos um esforço muito grande de exibir o que está sendo feito fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo.”
“É uma produção madura, potente e que mostra muito mais o país em que nós vivemos.”
A 52ª edição do festival recebe R$ 2,4 milhões de investimento direto da pasta e, segundo o secretário, ainda receberá cerca R$ 1 milhão via captação de recursos. O maior patrocinador do ano é o Banco de Brasília (BRB), que garantiu a manutenção da Mostra Brasília, após a Câmara Legislativa retirar o apoio histórico.
O curador Francisco Almeida informou que o processo de captação continua aberto. “A da Lei Rouanet saiu há dez dias e mais 3 ou 4 empresas devem bater o martelo até sexta [8]”, disse em resposta ao G1. “Tivemos autorização de R$ 775 mil para buscar, e ainda estamos negociando via LIC [Lei de Incentivo à Cultura].”
Descentralização
A organização da 52ª edição do Festival de Cinema de Brasília disse que haverá exibições de filmes em regiões administrativas afastadas do Plano Piloto. No entanto, a programação descentralizada não havia sido definida até a publicação desta reportagem.
“Tivemos muita dificuldade orçamentária, tivemos que absorver o custo extra da Mostra Brasília, então algumas coisas ainda estão para ser decididas”, disse Almeida. “Mas o que tiver que ocorrer será em espaços públicos.”
No ano passado, nove regiões receberam sessões de filmes em cartaz na 51ª edição: Taguatinga, Sobradinho, São Sebastião, Riacho Fundo, Paranoá, Estrutural, Gama, Samambaia e Brazlândia. Em quatro delas foram exibidos os filmes da Mostra Competitiva, com direito de voto aos espectadores.
Brasília tem 19 complexos de cinema com 88 salas, e quase a metade delas está localizada no centro da capital. O secretário de Cultura disse que “segue tentando conseguir o máximo de descentralização”
“Isso sem perder a qualidade do festival, que é nosso foco. Queremos realizar um grande evento e, quando mais se descentraliza, mais dissipa e perde o investimento.”
Além das sessões, o festival promove seis oficinas no Plano Piloto, em Ceilândia, em São Sebastião e no Recanto das Emas.
Ambiente de Mercado e debates
Voltado para os negócios, o Ambiente de Mercado segue, pelo terceiro ano consecutivo, oferecendo pitchings, palestras, mesas de debates, workshops, estudos de casos, exibições e painéis.
“O objetivo é aproximar e gerar redes de contatos entre produtores e compradores. Trouxemos referências nacionais e internacionais”, disse a subsecretária de Cultura, Érica Lewis.
As atividades vão acontecer no Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, entre os dias 25 e 27 de novembro com a presença de, pelo menos, 23 players. O passaporte para os três dias custa R$ 75 (meia-entrada). Nos debates, os temas abordados serão:
- Vídeo sob demanda
- Novas estratégias governamentais para o setor audiovisual
- Brasília como produto cinematográfico
- Mulheres no mercado audiovisual
- Mudança na legislação da TV paga e seus impactos
Como parte do Ambiente de Mercado, serão exibidos filmes ainda não finalizados em um sessão exclusiva para agentes, players e curadores – a mostra Futuro Brasil. Também haverá a exibição do primeiro episódio de uma série carioca.
Selecionados Mostra Competitiva
Longas
- “O tempo que resta”, de Thaís Borges (DF)
- “Volume morto”, de Kauê Telloli (SP)
- “A febre”, de Maya Da-Rin (RJ)
- “Alice Júnior”, de Gil Barioni (PR)
- “Loop”, de Bruno Bini (MT)
- “O mês que não terminou”, de Francisco Bosco e Raul Mourão (RJ)
- “Piedade”, de Claudio Assis (RJ)
Curtas
- “Chico Mendes – Um legado a defender”, de João Inácio (DF)
- “A nave de Mané Socó”, de Severino Dadá (PE)
- “Alfazema”, de Sabrina Fidalgo (RJ)
- “Amor aos vinte anos”, de Felipe Arrojo Poroger e Totó Loureiro (SP)
- “Angela”, de Marília Nogueira (MG)
- “Ari y yo”, de Adriana de Faria (PA)
- “Cabeça de rua”, de Angélica Lourenço (MG)
- “Caranguejo rei”, de Enock Carvalho e Matheus Farias (PE)
- “Carne”, de Camila Kater (SP)
- “Marco”, de Sara Benvenuto (CE)
- “Parabéns a você”, de Andréia Kaláboa (PR)
- “Pelano!”, de Christina Mariani e Calebe Lopes (BA)
- “Rã”, de Júlia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti (SP)
- “Sangro”, de Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR (SP)
Mostra Brasília
Longas
- “Mãe”, de Adriana Vasconcelos
- “Dulcina”, de Glória Teixeira
- “Ainda temos a imensidão da noite”, de Gustavo Galvão
- “Mito e Música – A mensagem de Fernando Pessoa”, de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira
Curtas
- “Claudia e o crocodilo”, de Raquel Piantino
- “#SomosAmazônia”, de João Inácio
- “O véu de Amani”, de Renata Diniz
- “A terra em que pisar”, de Fáuston da Silva
- “Escola sem sentido”, de Thiago Foresti
- “AmbulaTório”, de Júlia de Lannoy
- “Encanto feminino”, de Fabíola de Andrade
- “Luis Humberto: o olhar possível”, de Mariana Costa e Rafael Lobo