Garimpo na terra Yanomami voltou com a redução da fiscalização
5 de fevereiro de 2024 às 22:50h
Relatório mostra que garimpo ampliou área e já devastou mais de 5,4 mil hectares dentro da Terra Indígena Yanomami
Maior reserva indígena do Brasil em extensão territorial, a Terra Indígena Yanomami viveu grave crise sanitária em janeiro do ano passado. Na época, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar a desassistência na região.
Segundo o jornalista Rubens Valente, entidades indígenas percebem o recrudescimento do garimpo na Terra Yanomami desde o segundo semestre de 2023.
“Tanto em regiões que nunca foram retiradas, quanto no retorno de garimpeiros que haviam saído, muitas vezes operando a partir de bases de aviões na Venezuela”, disse o escritor e jornalista da Agência Pública em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (1º).
Isso coincide, segundo ele, com a redução de fiscalização.
“Esse movimento de retorno coincide com uma redução das atividades de fiscalização e controle dentro do território.”
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Garimpo ilegal e crise humanitária em Terra Indígena Yanomami — Foto: Reprodução/Fantástico
Maior reserva indígena do Brasil em extensão territorial, a Terra Indígena Yanomami viveu grave crise sanitária em janeiro do ano passado. Na época, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar a desassistência na região. A portaria foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” após o registro de casos de desnutrição severa e de malária.
“Essas atividades dependem muito das Forças Armadas, porque lá são regiões de grande distância. Por exemplo: de uma pista de pouso do Exército até uma aldeia são 400 km. Então, essa redução na atividade das Forças Armadas parece ter sido determinante para o cenário que hoje nós percebemos”, avalia Rubens.
‘Comida não chegava à boca dos indígenas’
O jornalista também falou sobre a entrega de cestas básicas na Terra Yanomami no lado do Amazonas, o que deve ser feito por meio fluvial. Reportagem da Agência Pública revelou que, até novembro de 2023, 40 mil cestas básicas disponibilizadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aguardavam a distribuição.
“Segundo as informações que eu tenho, não chegaram a ser entregues. O que aconteceu foi que piorou o cenário. Aquelas 5.000 cestas se acumularam a outras 35.000 cestas. Em novembro do ano passado, havia 40.000 cestas básicas aguardando distribuição na Terra Yanomami”, disse ele.
“O que é incrível porque nós temos, ao mesmo tempo, 29 Yanomami mortos por desnutrição em 2023. Ou seja, havia comida, a comida não chegava à boca dos indígenas.”
Fonte: G1